domingo, 21 de outubro de 2007

Pedinte

Ontem saí para trocar o limpador de para-brisas do carro. Só lembramos de trocar o limpador quando chove, não è ?
No caminho da loja, parei no sinal (semáforo)
e chegou uma menina linda, pedindo um trocado. Confesso que assustei na hora, mas resolvi abrir o vidro da janela do carro e falar com ela. Ela logo pôs a mão na saída de ar condicionado dentro do carro e, numa desenvoltura singular, perguntou se tinha ar quente. Trocamos umas palavras rapidamente e tirei esta foto. Pena que o sinal abriu, mas em alguns segundos pude mostrar a foto para ela. Aí ela saiu saltitante de alegria. Tive de partir, mas ainda deu para ouvir ela gritando:
Ahhh !!!! tirei uma foto !!! que legal ... que legal... tirei uma foto...que legal.
Sinceramente... foi emocionante. Fui acompanhando pelo retrovisor aquele pedacinho de gente correndo na praça do bairro São Paulo, pulando de alegria.
Fui em frente, ainda surpreso com o acontecimento e pensando em voltar para dar a foto para ela.
Bate um sentimento de impotência ao ver as pessoas no sinal pedindo dinheiro e muitas vezes usam até crianças para este fim.
Será que não existe um jeito do poder público cuidar para que as pessoas tenham uma assistência mínima de forma a não precisar pedir dinheiro na rua ?
Sabemos que quem dá dinheiro no sinal está incentivando cada vez mais pessoas a se transformarem em pedintes nas ruas.
Não seria melhor que a Prefeitura ou o estado fortalecessem um programa para reduzir o número de pedintes, fazendo um cadastramento, programando visitas de assistentes sociais para avaliar as condições das famílias, dar assistência de forma a atender, no mínimo, as necessidades básicas das famílias e incentivar para que os filhos fiquem na escola e não na rua. Incentivar também a utilização de métodos contraceptivos, como pílulas, ligaduras de trompas e vasectomia. Também fazer uma grande campanha publicitária através do rádio e televisão, colocar faixas nos principais cruzamentos de rua com sinais de trânsito, orientando às pessoas para não dar dinheiro aos pedintes, mas sim, encaminhá-los para o órgão competentes. Teria que ser uma campanha permanente.
Sei que é difícil, mas também sei que é preciso fazer alguma coisa. Afinal são gente como nós. E pagamos impostos elevados para isto. E dói na consciência ver que com nosso padrão de vida sempre reclamamos que não podemos ter algumas coisas materiais, enquanto várias famílias estão passando necessidades básicas, necessitando de um mínimo para a sobrevivência, passando por humilhações ou até expondo crianças inocentes a estas situações ilegais, inaceitáveis e prejudiciais para o futuro delas e do país.
A presença desta inocente menina me fez ver que temos mesmo que apoiar as ONGs, pois o estado, por vários motivos, muitas vezes não consegue cumprir o papel social em todas as áreas que o cidadão precisa. Eh claro que temos iniciativas muito valorosas, mas muito ainda precisa ser feito.

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